Hoje, sábado, está ventando bastante, e está frio. Resolvi tomar o café da manhã no Restaurante Cristal. Foi uma ótima decisão. Comprei jornais locais, li as notícias e deixei o tempo passar. Passou junto o meu mal humor. Logo cedo, pela manhã, fui acordado antes da hora pelos funcionários que conversavam animadamente perto do meu quarto. Dormiria mais.
Ontem, sai para jantar com alguns amigos, depois fomos conhecer um pouco da animada vida noturna de Maputo. Fui dormir tarde. Os amigos seguiram na noitada. Eu peguei um táxi e voltei ao hotel.
Os últimos dias têm sido cansativos. Viajei a trabalho para outros distritos e províncias.
Na semana passada fui a Matola e a Moamba para reuniões e visitas de avaliação. No fim de semana, finalmente, almocei no Mercado e Peixe em Maputo. Excelentes lagostas!
Nesta semana estive nas províncias de Gaza e Inhambane, numa viagem de carro de três dias, nos quais rodamos 1.500 Km. Fui com três moçambicanos.
Este é o lado bem positivo do que faço. A oportunidade de conhecer pessoas e lugares que de outra maneira jamais conheceria. O fato ficarmos juntos, por horas e horas, viajando no carro, permitiu um intercâmbio e uma troca intensa de informação cultural.
Mais uma vez, como já aconteceu comigo em outras viagens, são histórias que não estão nos livros e pertencem à tradição da história oral. Aprendi muito sobre Moçambique e sobre os moçambicanos, sobre as magias e os feitiços. Ouvi histórias sobre as lutas da resistência e lutas pela libertação contra os portugueses.
Ouvi histórias sobre Samora Machel e Eduardo Mondlane, heróis históricos de moçambique. Eduardo Mondlane foi assassinado através de uma carta-bomba, em 1969. Já Samora Machel morreu quando o avião em viajava caiu em território sul-africano (dizem que foi um atentado), em 1986. Aprendi bastante sobre os movimentos de libertação e entendi um pouco sobre as relações políticas e econômicas entre os vários países africanos.
Perto de Morumbene, na província de Inhambane, participei de um interessante encontro de líderes comunitários, em uma tribo. Pessoas simples e simpáticas que nos receberam cantando. Vi e vivi e a África de perto neste encontro.
No último dia em Inahmbane, acordamos bem cedo e fomos visitar a Praia do Tofo, banhada pelas águas azuis do lindíssimo Oceano Índico. Um lugar que vale a pena voltar.
Em Tofo vistamos o Buraco dos Assassinatos, uma profunda fenda nas pedras, sobre o mar, onde os portuguêses atiravam os prisioneiros, membros da luta pela libertação.
Estes, se não morriam pela queda, morriam afogados pela água do mar, durante a maré cheia. Não havia escapatória. Tenebroso e cruel!
Fotos: Paulo Siqueira
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