Florianópolis, SC – Depois do meu último trabalho na Nigéria, resolvi descansar um pouco junto com a família. Estou em “Floripa” curtindo a praia e sol, e também bastante calor. Descansar, quando se trabalha por projeto, é muito relativo. Na verdade, a gente não descansa nunca, pois está sempre antenado. Recebi uma proposta para uma rápida missão no Iraque, mas não aceitei. O meu plano é ficar por aqui até o fim de janeiro. Também estou trabalhando numa proposta para um trabalho em em São Paulo, quem quiser saber mais, dê uma olhada no site da Exadigital.
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Música da África
Thursday, January 13th, 2011Honorable Chairman Professor Attahiru Jega
Friday, November 26th, 2010Honorable Chairman Professor Attahiru Jega e Paulo Siqueira
Depois de três meses na África, vivendo em Abuja, na Nigéria, cheguei em São Paulo. Foram três meses cheios de desafios e novidades, normal quando se chega a um novo lugar para trabalhar e viver.
África é um lugar que eu queria muito conhecer. Este ano tive a possibilidade de trabalhar no Malawi e na Nigéria. São dois países distintos em praticamente tudo, clima, riqueza, e população. Gostei mais do Malawi, que por alguma razão não muito clara para mim, me fez lembrar mais no Brasil – empatia!
Minha última atividade profissional em Abuja foi uma reunião com o Honorable Chairman Professor Attahiru Jega, que comanda a poderosa Comissão Eleitoral, o “INEC – Independent Electoral Commission”.
Foi uma reunião muito interessante onde tive a oportunidade de relatar o meu trabalho e entregar o meu relatório final. Missão cumprida, ufa!
No dia seguinte peguei o avião para Amsterdam, e de lá, outro para São Paulo. Passei três dias em Amsterdam. O clima já estava completamente diferente de quando passei por lá, indo para a Nigéria. Tempo frio, amanhecendo tarde e anoitecendo cedo – dias curtos, mas o suficiente para eu comprar alguns presentes para as crianças e passear no “The Rijksmuseum”, um museu que eu gosto muito.
Museu e Gnomos
Tem um quadro em especial, que eu já vi, seguramente, algumas dezenas de vezes. Tem um detalhe que me chama a atenção, e sempre vou lá para conferir, ver se é verdade, se existe mesmo. É um gnomo escondido numa floresta. Não sou de ver gnomos, aliás, este é o primeiro e único que vi, mas ele está lá. Quem tiver paciência também vai ver. O artista se chama Jan Both, e o quadro é o “Italian Landscape with Draughtsman”. Além do meu quadro favorito, foi interessante ver a exposição especial “Rembrandt & Jan Six. An Amsterdam friendship”.
Bom, Amsterdam resumiu-se a passeios, caminhadas, muito frio, queijos, cafés, chás, compras, e o mais lindo de tudo, observar as pessoas e a cidade, sempre cheia de turistas de todas a partes do mundo, uma cidade com uma população mesclada e colorida e com uma língua difícil de entender.
Fotos: Paulo Siqueira
Hajj, táxis, bombas e custo de vida em Abuja
Tuesday, November 16th, 2010Hajj ou Hadj
Hoje é feriado na Nigéria. É um feriado religioso muçulmano, o Hajj, que celebra a peregrinação anual à cidade de Meca, na Arábia Saudita.
Depois do sofrimento da malária, aproveitei o feriado e fui fazer uma compras na vila turística, que fica a bem perto do hotel. Fui caminhando, mas o calor e o sol estavam de matar. Quase me arrempendi, mas foi bem interessante.
Trabalho
Faz três meses que estou Abuja. O trabalho é complicado, mas até agora estou satisfeito com os resultados.
É uma ansiedade que fica quando você tem apenas três meses pela frente e muita coisa para fazer.
Estou trabalhando com a área de registro de eleitores, e a Nigéria é uma país imenso, com uma população de 150 milhões de pessoas e mais de 250 grupos étnicos.
O número de pessoas que vão se registrar é estimado em mais de 70 milhões. O registro está começando do zero, então é uma tarefa gigantesca.
Problemas sérios por aqui: AIDS, pobreza, energia, corrupção, conflitos étnicos e regionais, drogas e os demais problemas que todo país pobre tem.
Bombas
O assunto aqui tem sido as bombas que explodiram no Dia da Independência, em primeiro de outubro. Nas explosões, 12 pessoas morreram.
Fiquei sabendo que um helicóptero que sobrevoava a região filmou um suspeito que estacionou o carro bomba. Esta pessoa pegou um táxi. Os serviços de segurança identificaram o motorista do táxi. Ele deixou o rapaz num hotel (foi onde fiquei quando cheguei aqui). O rapaz foi preso junto com outras pessoas, todos, segundo a imprensa local, aparentemente ligados a um grupo político da região petrolífera, o “The Movement For The Emancipation Of The Niger Delta (MEND)”.
Custo de vida
A vida em Abuja é bem cara e contrasta bastante coma pobreza do país.
O dinheiro aqui se chama naira. Um dólar vale 150 nairas, ou seja, um real mais ou menos 90 nairas.
Aqui vão algumas informações:
- Táxi popular: 300-400 nairas (sempre negociados a cada corrida)
- Táxi do hotel: 1.500 nairas
- Entrada de cinema: 1.500 nairas
- Pipoca + refrigerante: 1.100 nairas
- Livro (pocket-book): 1.800 nairas
- Refeição no restaurante local: 1.800 nairas
- Refeição no hotel: de 4.000 a 6.000 nairas
- Café da manhã no hotel: 3.500 nairas
- Internet (USB): 10 mil nairas por 30 dias ou 5GB de dados.
- Jornal: 150 nairas
- Diária do hotel: um absurdo!
Táxis Verdes
Um capítulo especial – trânsito e táxis.
Os táxis me lembram os táxis do Timor Leste, tem a mesma qualidade, ou seja, todos bem detonados.
Acho quer o maior risco que tenho trabalhando aqui é quando ando de táxi. Sempre sento no banco traseiro e me preparo para o pior. Até o momento tudo certo e nenhum acidente, só alguns sustos.
A maioria dos táxis é pintada de verde e eles estão por todo lado.
Quando cheguei não acreditei na bagunça do trânsito, e mais que a bagunça, não acreditei na barulheira.
Era buzina para todo lado sem parar um segundo. Depois fui me acostumando.
Passei a entender melhor e descobri que tudo não passa de um código de trânsito não escrito.
Acho que a comunicação aqui evoluiu do som dos tambores para os som das buzinas dos carros.
Percebi que os motoristas se comunicam a todo instante através de buzinadas. Buzinam para os amigos, para os inimigos, para o carro andando, para o carro parado, para os guardas de trânsito, para os potenciais passageiros, para os vendedores de jornais, para o sinal de trânsito – aberto ou fechado -, para os vendedores de água nas esquinas, enfim, buzinam para tudo e para todos. É um buzinaço sem fim.
Do meu quarto no hotel cheguei a ficar estressado de tanto barulho que vinha do estacionamento. Agora, depois das bombas, os táxis não podem mais entrar no hotel.
A vida ficou mais silenciosa por aqui. Ainda bem!
Fotos: Paulo Siqueira
Malária Nunca Mais!
Sunday, November 7th, 2010- Malária é a causa estimada de 300-500 milhões de casos clínicos, com um milhão de mortes por ano.
- A cada 30 segundos, uma criança morre por causa da malária.
- Nos hospitais africanos, 60% das internações são causadas pela malária.
Nigéria 50 Anos. Meu Pai, 87 Anos.
Friday, October 1st, 2010Em tempo.
Hoje, enquanto escrevia esta postagem, ouviu um grande, grande estrondo. Pensei comigo mesmo, “ainda bem que não estou mais no Paquistão, se fosse lá, com certeza era um ataque suicida”. Logo depois outro grande estrondo, e pensei “devem ser tiros de canhão porque eles estão comemorando a independência”. Segui escrevendo e publiquei a postagem.
Poucos minutos atrás, assistino a CNN, fiquei sabendo que dois carros-bomba explodiram hoje aqui em Abuja, Nigéria, matando pelo menos 7 pessoas. Triste dia da independência. Apesar do susto atrasado, tudo tranquilo.
Fotos: Paulo Siqueira
17 de setembro de 2010
Saturday, September 18th, 2010Naquela época, na Itália, estava no maior baixo astral, longe da família e dos amigos, sentindo muito o fato de estar só, num lugar onde não conhecia nínguém.
Hoje, devo dizer que o sentimento não é diferente. Trabalhando em Abuja, na Nigéria, continuo longe de todos os que mais gosto. Os amigos são poucos. Mas os presentes que a vida está me dando são lindos, filhos e netos, e o neto mais novo chega em novembro.
Como presente e aniversário resolvi jantar num restaurante chamado “Obuja Grill”, onde a carne estava excelente, que me perdoem os vegetarianos. Conversando com os garçons descobri que a carne vem da África do Sul, e a cerveja, a famosa “Guinness”, direto do Reino Unido. Para completar ouvi, para minha surpresa, “Garota de Ipanema”, executado ao vivo pelo ótimo pianista do restaurante.
Só posso agradecer e esperar a volta ao Brasil, em novembro, se tudo der certo, para curtir a família.
11 de setembro de 2010
Saturday, September 11th, 2010On the road – agora Abuja, na Nigéria
Wednesday, August 25th, 2010Cheguei em Abuja na segunda-feira à noite, vindo de Amsterdã, em um voo da KLM.
Quando preparei minha viagem, saindo de São Paulo, resolvi fazer uma parada tática na Holanda. Além de ganhar as milhas, a KLM tem um voo direto para Abuja, capital da Nigéria, onde estou trabalhando agora.
Amsterdã é um lugar à parte. Com sua mistura de povos, de culturas, de cores, é uma fascinante mundo com dinâmica e vida própria.
Foi a palavra mágica. Colocaram-me de lado, perguntaram o que eu ia fazer na Nigéria, etc, etc. Expliquei que estava indo trabalho como consultor da ONU. Estava com o visto, contrato e tudo o mais. Depois de uma revista minuciosa na minha bagagem de mão, fui liberado. Devo dizer que foram extremamente educados, esta foi a única vez, entre dezenas de viagens e aeroportos que já fiz e passei, que isto aconteceu comigo.
Não querendo ser paranóico, mas sendo. Acho que eles já sabiam que alguém (eu), naquele avião, tinha um conexão para a Nigéria.
Guardei a mala maior no guarda-volumes do aeroporto e fiquei só com uma pequena mochila.
Ainda dentro do Aeroporto comprei uma passagem de trem para Amsterdã. Uma viagem rápida que já fiz dezenas de vezes. Da estação de trem, uma caminhada de cinco minutos e já estava no Hotel. Apesar do quarto minúsculo, gostei muito do hotel. Recomendo, é um hotel três estrelas e fica bem no centro de Amsterdã.
Está área é bem interessante e pitoresca. Universitários, trabalhadores, turistas, crianças, policiais, todos dividindo o mesmo espaço. Perto do hotel, uma Delegacia de Polícia, do outro lado, uma pequena loja que vende refrigerantes, água, salgados e frutas para os turistas.
Em frente e aos lados, os famosos quartos em vermelho. Alguns com as cortinas fechadas ou vazio, sinal de ocupado. Outros com as cortinas abertas, com as mulheres expondo o corpo e atraindo os clientes. No domingo pela manhã cheguei a ver uma pequena fila de marmanjos numa das casas. Ela devia prestar bons serviços.
Incrível como tudo parece bem natural, comum e trivial. E no fundo, assim é, natural, sem pressão, com respeito à individualidade e à pessoa. Resta dizer que Amsterdã estava lotada de turistas. Assisti uma orquestra de crianças tocando música clássica num palco armado em um dos canais. Numa praça, uma orquestra de metais tocando jazz.
Calor e sol, não parecia a Holanda. Já no domingo esfriou e o tempo virou. O que mata a gente na Holanda é o céu cinza e o vento frio.
Na segunda-feira pela manhã chovia. Assim foi, acabou o meu fim de semana. Peguei meu avião para Abuja sem nenhum contratempo.
Fotos: Paulo Siqueira