Depois de várias horas viajando de São Tomé para Cabo Verde, num voo não muito confortável da TAAG (Linhas Aéreas de Angola), foi uma agradável chegada. A cidade de Praia é bem cuidada, e percebe-se logo a diferença em relação à outros países africanos em que estive.
O clima estava bom. Tomei um táxi para o meu hotel. O preço foi de dez euros – que equivale à, mais ou menos, mil escudos, a moeda local. O troco foi em escudos, e quando fiz as contas, percebi que recebi de troco apenas a metade do esperado, e o táxi já ia longe.
Cheguei domingo à noite, na segunda-feira, de manhã, já estava no trabalho. Tem sido assim até hoje, mais de duas semanas depois.
Aos poucos fui conhecendo a cidade, me localizando, fui ao bairro “Plateau”, numa agência da TACV, Transportes Aéreos de Cabo Verde, para, finalmente comprar minha passagem de volta ao Brasil. O Plateau é um bairro histórico onde existem várias construções antigas e coloniais.
No domingo, no único dia livre que tive, visitei a Cidade Velha, que fica a poucos quilômetros de Praia. A Cidade Velha é considerada pela UNESCO como o Patrimônio Mundial da Humanidade.
Vale a visita, é primeira cidade construída pelos europeus nos trópicos e primeira capital do arquipélago de Cabo Verde. Passaram por lá os navegadores, Cristovão Colombo, Vasco de Gama e Pedro Álvares Cabral. Como triste lembrança, fica a lembrança do tráfico de escravos que foi responsável pelo desenvolvimento inicial de Cabo Verde. O Forte Real de São Felipe, que foi construído em 1590 para defender a cidades dos ataques dos piratas, dos franceses e ingleses, é uma parada obrigatória.
Na área de comidas típicas fica registrado a Cachupa, de carne ou do peixe, é feita com feijão, milho e legumes cozidos; acompanha a banana cozida.
No mais, além da simpatia das pessoas, é só trabalho e mais trabalho.
Hoje vou embora. Amanhã, na hora do almoço, se tudo der certo, estarei em casa.
Foram dois meses de trabalho que me levaram por seis países, em quatro continentes. Viagem que significou, praticamente, uma volta ao mundo. Não foi fácil.
Como despedida da cidade da Praia, fui almoçar, quase por acaso, no restaurante Ipanema. Sentei-me na varanda, e olhando o mar, fiz uma retrospectiva da minha viagem e do meu trabalho.
Ontem, sábado, morreu, aos setenta anos de idade, a “Diva dos pés descalços”, a cantora e símbolo nacional, Cesária Évora.
Ontem, também, ao despedir-me dos colegas cabo-verdianos, no seminário sobre registro eleitoral, recebi uma inesperada, linda e singela homenagem. Cantaram para mim uma música da “Diva” que fala de saudade. Fiquei emocionado.
No restaurante, pedi uma lagosta rosa, que além de um bom preço, estava excelente. Celebrei assim, com certo estilo, mas solitário, o fim de um ano muito difícil.
Texto e Fotos: Paulo Siqueira